Você já ouviu falar em cross docking? Sabe o que significa?

Bom, se você ainda não conhece o conceito de cross docking, saiba que se trata de um processo que influencia cada vez mais o nosso dia a dia. E se você fez alguma compra online nos últimos tempos, provavelmente já se valeu dele.

Sem mais mistérios: cross docking é um sistema de distribuição que dispensa grandes estrutura físicas, fazendo com que a carga tenha um processo de entrega mais ágil até o cliente final. A carga apenas passa pelo centro de distribuição e, em seguida, já é expedida para o consumidor final. 

Pense, por exemplo, em grandes varejistas online. Você acessa o site de um deles a fim de comprar um novo computador. Escolhe o produto, compra o que melhor se adequa às suas necessidades e espera pela entrega.

Ainda que na hora de você colocar o produto no carrinho aparecesse a mensagem “em estoque”, é bem provável que aquele computador não estivesse em um grande depósito do varejista, mas sim ainda com o fornecedor. Tudo o que a loja fez foi conectar as diversas pontas.

Essa conexão foi feita de maneira bastante simples: o computador saiu da fábrica com destino a um centro de distribuição; lá o material passou por uma conferência e já foi despachado para entrega. Tudo muito rápido.

Esse é apenas um dos exemplos de cross docking. O sistema tem como grande vantagem eliminar a necessidade de estoques e dar mais agilidade às entregas. Se for feito com eficiência, garante redução de custos e uma melhor operação logística.

Neste artigo, vamos explicar o sistema, dar exemplo de cross docking e o que observar na hora de investir nesse modelo que está cada vez mais presente no nosso dia a dia.

O que é cross docking?

Cross docking é um sistema de distribuição de mercadorias em que a fase de armazenagem inexiste ou é quase zero – ou seja, o fornecedor encaminha o produto para um centro de distribuição, e de lá ele se encaminha rapidamente a quem se destina.

No sistema de cross docking, o tempo de permanência no centro de distribuição se limita às etapas de conferência, separação e arranjo. Feito isso, já se faz o despacho da mercadoria para a entrega.

O conceito de cross docking ganhou muito espaço nos últimos anos em virtude de todas as facilidades que ele traz. Com o cross docking, ganha-se em agilidade na entrega e se melhora a ocupação de espaços nos armazéns. E isso, claro, representa redução drástica de custos com estoque.

Centros de distribuição que operam com esse sistema basicamente transformam seus armazéns, que antes serviam como uma espécie de depósito, em um grande espaço de expedição.

Os produtos que os fornecedores encaminham chegam a uma doca, passam por processos de conferência e separação e já se encaminham para outra, onde um veículo irá retirá-los para proceder com a entrega. O prazo disso é de poucas horas, sendo que raramente é maior do que um dia.

Vantagens

Processos logísticos apresentaram um grande crescimento nos últimos anos, especialmente pelo aumento da demanda de entrega. Ao mesmo tempo, muitas empresas do ramo surgiram, obrigando as companhias a buscarem diferenciais competitivos.

E quem investe em cross docking tem alguns bem importantes.

Como mostraremos a seguir, existe uma série de vantagens do uso desse tipo de sistema. Os principais são a redução de custos, o melhor aproveitamento logístico, agilidade nos serviços e uma redução nas perdas. Veja como isso se dá em cada uma delas.

Redução de custos

O cross docking é uma ótima maneira de reduzir custo.

O fim dos estoques representa o ganho mais visível. As empresas não precisam mais investir em grandes armazéns, que passavam a maior parte do seu tempo com a única função de proteger as mercadorias.

Agora, esses espaços nos centros de distribuição ganharam maior movimentação e, consequentemente, melhor uso. Em vez de simplesmente servirem como depósito de centenas ou milhares de pacotes, eles funcionam como uma espécie de entreposto; uma carga chega, e logo na sequência ela sai.

Melhor aproveitamento logístico

O ganho logístico também é uma vantagem bastante evidente.

Pense, por exemplo, num depósito tradicional, à moda antiga. O caminhão do fornecedor chegava, uma equipe tratava de descarregar a carga e acondicioná-la em determinado ponto. Tempos depois, outro veículo chegava para recolher a mercadoria. Era preciso localizá-la no armazém, levá-la para a expedição, fazer a devida conferência e só depois ela saía para a entrega.

No sistema de cross docking, existe a supressão de boa parte deste processo. Mais do que isso: a quantidade de mercadorias que se recebe ao longo do dia é tanta que possibilita às empresas transportadoras usarem os mesmos veículos para distribuir produtos de diferentes fornecedores – e sem precisar esperar mais do que algumas horas por isso.

Agilidade

A agilidade é um dos principais ganhos de quem investe em cross docking. 

Um dos motivos é evidente: o produto chega por uma doca, circula pelo centro de distribuição e já sai por outra doca. No máximo, ficará em algum ponto a espera de ser despachado por algumas horas.

Mas os próprios processos internos são mais rápidos.

Sem a necessidade de estocar, a conferência das mercadorias passa por menos etapas. Além disso, atualmente a maior parte dos centros de distribuição conta com a tecnologia a seu favor. Assim, se conferem as mercadorias com simples leitores de códigos de barras. Muitas vezes, tudo circula internamente com o auxílio de esteiras automatizadas ou robôs.

Em resumo, todos ganham em agilidade: quem compra, quem vende e quem despacha.

Menor risco de perdas

Mercadorias armazenadas são mais suscetíveis a perdas.

Muitas vezes os produtos sofrem quedas, perdem a validade, são atingidos por algum tipo de fator externo – goteiras, ventanias, ação de animais – ou, até mesmo, são furtados.

Processos logísticos que se interligam por sistemas de cross docking correm menos riscos desse tipo.

Quedas só acontecem por eventuais imperícias; o curto espaço de tempo no centro de distribuição não tem impacto nenhum na validade; pela mesma razão, o local é praticamente livre da ação de agentes externos; e a chance de furto é muito menor, dada a grande movimentação interna durante todo o momento.

Potenciais dificuldades

Mesmo que se trate de uma maneira moderna de interligar clientes com empresas e fornecedores, o cross docking não está imune a falhas e potenciais riscos.

Talvez o ponto mais sensível diga respeito à necessidade de haver total sincronia entre entre fornecimento e demanda.

Um exemplo bastante simples se liga diretamente a uma vantagem, a do melhor aproveitamento logístico. Como mencionamos anteriormente, o cross docking possibilita que uma mesma empresa transportadora carregue produtos de diferentes fornecedores devido à alta demanda diária. Mas, e se algum deles atrasar ou falhar na entrega? Como ficarão os demais?

Além disso, se o centro de distribuição não operar no limite de sua eficiência, com equipamentos modernos, equipes bem treinadas e foco na agilidade, a chance de haver pequenos problemas de entrega em cadeia aumentam – da mesma forma, aumentaria a perda de credibilidade.

Todos esses problemas, porém, passam por falhas em processos internos. Escolhendo bem os parceiros de negócio, as chances de o cross docking ser uma vantagem competitiva é muito maior do que seus riscos.

Tipos e exemplos de cross docking

Basicamente, existem três tipos de cross docking. A classificação, por assim dizer, passa pela forma como se faz o serviço. As diferenças entre eles são mínimas, mas em geral cada um se adapta melhor a um determinado ramo de entrega. 

Movimentação contínua

Esse é o modelo mais clássico, aquele mais tradicional, e que deve ter vindo à sua mente quando explicamos o significado de cross docking anteriormente.

Nesse sistema, o produto chega ao centro de distribuição já pronto para ser enviado ao destino final. A ideia é ficar o menor tempo possível por lá, zerando a necessidade de estocagem.

Na movimentação contínua, a mercadoria já foi previamente separada pelo fornecedor. Todo o trabalho que se tem no centro de distribuição é o da conferência e arranjo para ser encaminhado ao veículo que sairá para a entrega. Por causa disso, muitos chamam o modelo de movimentação contínua como cross docking pré-distribuído.

As empresas que mais se fazem valer desse tipo são as que trabalham com e-commerce. Afinal, em geral elas trabalham com milhares de produtos, que são oriundos de centenas de fornecedores.

O volume de negócios também é intenso todos os dias. Nesse caso, se fosse preciso usar armazéns para estoque, os gastos seriam bem maiores. Assim, basta emitir o pedido e tratar da expedição dele.

Movimento de distribuição

Este é o modelo de cross docking mais utilizado nos negócios entre empresas, conhecidos como B2B (business to business). Isso acontece porque essas negociações costumam envolver grandes volumes de carga.

No tipo que considera o movimento de distribuição, os produtos que se separam são exclusivos de um único fornecedor, uma vez que ele é capaz de completar a capacidade da carga de um caminhão. Em logística, isso é conhecido como cargas FTL (Full Truck Load).

Por envolver um único fornecedor, muitas vezes esse modelo demanda um rápido período de estocagem, já que existe a possibilidade de se precisar aguardar pelo total da carga. 

Movimentação consolidada ou híbrida

Esse tipo intercala os dois primeiros: parte das mercadorias que chegam ao centro de distribuição são imediatamente enviadas ao seu destino final, enquanto outra parte fica em estoque, aguardando um complemento do pedido.

Imagine, por exemplo, que você abriu uma nova sede administrativa para sua empresa e decidiu comprar todo o mobiliário novo. O fornecedor que você escolheu é o mesmo das mesas, armários e cadeiras, mas ele possui plantas fabris diferentes. Nesse caso, os produtos sairão juntos do centro de distribuição, mas é provável que a chegada deles até lá aconteça em momentos distintos. 

Por causa disso, a primeira parte dos produtos ficará em estoque, aguardando a segunda.

Como implementar cross docking

Agora que você já sabe o significado de cross docking, e já conhece suas vantagens e desvantagens, vamos mostrar o que é necessário observar na hora de investir neste sistema.

Faça um bom planejamento

Planejar bem cada passo é fundamental para qualquer tipo de negócio, e não seria diferente para quem quer investir em cross docking.

Nesse ponto, dois aspectos merecem especial atenção.

O primeiro deles diz respeito a ter um desenho completo do processo: como será feito, quais os tipos que se vai operar, a mão de obra e a tecnologia necessária, quem serão os fornecedores.

O segundo aspecto passa pelo primeiro: faça testes. Veja se o desenho do seu negócio funciona a pleno, onde estão os possíveis gargalos e quais seriam as eventuais soluções. 

Invista em tecnologia

Claro que é possível fazer muita coisa da maneira tradicional, mas mesmo o tradicional vai mudar em poucos anos. Investir em soluções tecnológicas ajuda a agilizar os processos, diminui a necessidade de mão de obra e reduz os riscos de erros.

Além disso, ao se utilizar bons softwares de gerenciamento de transportes e de gestão empresarial, tem-se a possibilidade de fazer acompanhamento em tempo real. Assim, o planejamento fica menos suscetível a erros.

Vale ressaltar que o investimento em tecnologia é uma realidade cada vez mais presente em processos logísticos. Prova disso é que a Rabbot, por exemplo, oferece soluções na gestão de frotas que já se fazem presentes em mais de dois milhões de veículos no Brasil.

Associar o investimento tecnológico na gestão de frotas com sistemas de cross docking tornará sua empresa ainda mais eficiente.

Seja assertivo na escolha dos centros de distribuição

“Centros de distribuição” foram alguns dos termos que mais utilizamos neste artigo. E o motivo é simples: eles são parte fundamental em processos de cross docking. Por isso, errar na escolha pode colocar todo o seu planejamento por água abaixo.

Avalie diferentes opções, a localização, sua capacidade de expedição e seus parceiros estratégicos. Certifique-se de que ele utiliza práticas modernas e, claro, tenha todas as certificações necessárias.

Lembre-se: em logística, ter bons parceiros é fundamental para que toda a jornada se desenvolva sem maiores riscos e aconteça dentro dos prazos que se estabeleceu. 

Em resumo, escolher um bom centro de distribuição é um ótimo passo para ter sucesso com cross docking.

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