O mercado de software de Automação Robótica de Processos (RPA) cresceu mais de 60% em 2018, tornando-se o segmento de software corporativo que mais cresce. Não à toa, a adoção de RPA aumentou em ritmo substancial em 2019, e essa magnitude e trajetória de crescimento são a principal razão de seu alto financiamento.

O segmento de RPA vivencia uma fase de disrupção do mercado, continuando a haver um forte investimento em pesquisa e desenvolvimento para trazer serviços e ofertas de novas soluções. Nesse sentido, novas ofertas com alcance mais amplo, novos fornecedores e novos modelos comerciais estão surgindo rapidamente para redefinir o mercado, que ainda está se desenvolvendo e continuará amadurecendo e se consolidando nos próximos anos. 

Ainda há muita fragmentação das ofertas e interesse dos fornecedores em mercados adjacentes (software e nuvem). Assim, num futuro próximo, é previsto que até 9 em cada 10 pequenos fornecedores de RPA sairão do mercado, passarão por fusões, serão adquiridos ou se transformarão de alguma forma. Além disso, como buscam expandir seus canais, as ofertas desses fornecedores estão sendo cada vez mais atreladas a categorias de software adjacentes.

Premissas da Automação Robótica de Processos para os próximos anos

Nas previsões de 2018, o Gartner destacou que as organizações geralmente subestimam a complexidade das iniciativas de RPA. Apesar de o software parecer ser relativamente direto, há uma grande variedade de processos de negócios. Isso inclui desde casos simples e bem definidos até a abrangência de áreas complexas. 

No entanto, uma vez que as empresas vão além de casos simples, há uma necessidade crítica de governança e coordenação multidisciplinares nas unidades de negócios, nas funções de TI, em segurança, fornecimento e garantia. Sem essa abordagem abrangente, portanto, muitas organizações podem sentir insatisfação por parte de seus clientes, devido a fatores como retorno ruim do investimento, recursos desalinhados ou incapacidade de escalar. 

Ainda de acordo com o Gartner, algumas premissas de planejamento estratégico para os próximos anos:

  • Estima-se que até 2022, 80% das implementações de automação centradas em RPA terão seu valor derivado de tecnologias complementares;
  • Até 2023, haverá um aumento de 30% no uso de RPA para funções de front office (vendas e experiência do cliente);
  • É previsto que até 2024, as organizações reduzirão os custos operacionais em 30%, combinando tecnologias de hiperautomação com processos operacionais redesenhados.

Hiperautomação: o que é

Neste ano, espera-se o fortalecimento da RPA à medida que as próprias ofertas dessa tecnologia têm se transformado devido aos altos níveis de gastos em pesquisa e desenvolvimento, bem como ao feedback dos clientes. Em segundo lugar, as realidades comerciais dos grandes vendedores a entrar no mercado ainda não foram sentidas. Por exemplo, recentemente a Microsoft anunciou sua entrada nesse segmento, e outras empresas de software de destaque também estão considerando incursões semelhantes.

O Gartner projeta que essa consolidação da RPA faz parte de uma tendência ainda maior: a da hiperautomação. Trata-se de uma iniciativa que tem sido amplamente discutida em um número significativamente grande de jornadas digitais de empresas. Hiperautomação refere-se à combinação de ferramentas de automação com vários aplicativos de machine learning e pacote de software. 

A RPA é apenas um subconjunto das principais tecnologias que ajudam a impulsionar a hiperautomação. Ao lado dela, há conjuntos inteligentes de gerenciamento de processos de negócios (iBPMs), plataformas de integração de sistemas como serviço (iPaaS) e sistemas de gerenciamento de decisão. Entre todos eles, a RPA fornece uma robusta caixa de ferramentas de tecnologias que permitem ambicionar a conquista da hiperautomação.

RPA  complementado

Assim, conforme as organizações tentam entender todas as principais tecnologias e como as peças desse quebra-cabeça se encaixam, muitos fornecedores de software RPA estão tentando se estabelecer para além das ofertas “básicas” – baseadas na realização de tarefas – dessa tecnologia. 

Na tentativa de expandir, os fornecedores de software da RPA procuram complementar o RPA principal com cinco áreas adicionais, obtendo um grau variável de sucesso. As cinco áreas que atualmente tem atraído mais atenção e investimentos são: 

  • mineração de processos (também conhecida como descoberta de processos ou mineração de processos eletrônicos);
  • mecanismo de ingestão (reconhecimento óptico de caracteres [OCR], visão computacional e outras tecnologias);
  • análises;
  • experiência do usuário;
  • machine learning.

O Gartner se refere a toda essa funcionalidade coletiva como “RPA complementado” (CoRPA, em inglês). No entanto, o dilema é que nem sempre é fácil conectar todas essas peças. Para isso, é necessário muito mais que tecnologia: deve haver uma visão abrangente da tecnologia de transformação da organização.

Governança tecnológica e a adoção da Automação Robótica de Processos

É imperativo que os líderes de TI fiquem à frente do uso da RPA e do desenvolvimento do mercado para garantir a eficácia e a agilidade dos negócios. 

Nesse sentido, os responsáveis ​​pelo fornecimento de ofertas RPA (serviços e soluções) devem:

  • Impulsionar a adoção organizacional e evitar possíveis erros na jornada de hiperautomação, envolvendo unidades de negócios, TI, funções de segurança e garantia em um cenário de governança de automação de processos;
  • Planejar sua jornada de hiperautomação, concentrando-se em um espectro mais amplo de funções de negócios, criando estratégias com toda a caixa de ferramentas de automação, incluindo RPA, iBPMS, iPaaS e ferramentas de gerenciamento de decisão;
  • Concentrar-se nas habilidades dos fornecedores para abordar resultados críticos para a empresa em várias áreas, bem como avaliar cuidadosamente os modelos de processo do fornecedor, já que a entrada de grandes corporações como a Microsoft nessas ofertas alteram significativamente a dinâmica do mercado, especialmente para o setor de pequenas e médias empresas.

O fato é que, ao longo dos anos, as empresas pagaram um valor alto por uma colcha de retalhos formada por diversos aplicativos e sistemas. Agora, porém, os executivos de negócios estão exigindo um caminho para a excelência operacional digital. O resultado é uma enorme demanda para democratizar a automação de processos e a integração de dados.

A Automação Robótica de Processos atende a uma necessidade, mas requer estratégia, grades de proteção e governança. O desafio é conseguir encaixar todas as peças do quebra-cabeça. E isso exigirá não apenas tecnologia, mas uma visão abrangente da tecnologia de transformação da organização.

 

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