A pandemia da COVID-19 transformou o setor de logística e supply chain de maneiras nunca vistas antes. As medidas de controle da propagação do vírus resultaram em reduções significativas na demanda de diversos setores, afetando diretamente as cadeias de suprimentos globais.

Dessa forma, as empresas foram obrigadas a adaptar seu planejamento logístico para lidar com esses impactos. Mas qual será o efeito que essas mudanças terão no futuro do trabalho em logística e supply chain?

De acordo com uma pesquisa realizada pelo Institute for Supply Management, no final de março de 2020, 95% das empresas pesquisadas acreditavam que a sua organização seria afetada pelas restrições decorrentes da crise sanitária. Contudo, esse impacto não foi apenas negativo. Apesar dos desafios, a crise impulsionou uma série de avanços para a área de logística.

Será que essas mudanças continuarão como tendência após o fim da pandemia? O que podemos esperar do futuro do mercado de trabalho? Confira a seguir!

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Principais evoluções do setor de logística e supply chain

Para sobreviver à crise causada pela pandemia de COVID-19, as empresas precisaram se reinventar. Como resultado, mudanças que já estavam sendo analisadas e discutidas há alguns anos ganharam força e se tornaram tendência.

Por exemplo, o relatório Recovery Insights da Mastercard apontou que o e-commerce no Brasil cresceu 75% apenas em 2020. Então, para atender a esse tipo de entrega (que precisava ser ainda mais rápida), uma nova logística de distribuição precisou ser construída.

Semelhantemente, o fechamento das lojas fez com que mais lojistas migrassem para os marketplaces, como o Mercado Livre. Para dar conta dessa demanda, os marketplaces passaram a usar seus estoques de forma compartilhada com pequenos varejistas. Dessa forma, o tempo de entrega pôde ser diminuído drasticamente.

O grupo Magazine Luiza é um bom exemplo disso. De acordo com a empresa, 700 das suas lojas foram transformadas em pequenos estoques. Por isso, agora eles conseguem entregar cerca de 35% dos seus produtos em menos de um dia.

Outra tendência que ganhou força durante a pandemia de COVID-19 foi o uso da IoT (Internet of Things). Apesar de já ser bastante usada pelo setor logístico, atualmente, a Amazon é uma das grandes precursoras desse método.

Segundo uma matéria do site TechCrunch, a empresa usa um programa para encontrar no estoque o item que foi comprado e notificar o colaborador que está mais próximo. Além disso, o programa também auxilia os estoquistas a guardarem os produtos.

Contudo, é inegável que o setor de logística e supply chain enfrentou muitos desafios, o que pode colocar em risco o futuro do trabalho.

Desafios do setor de supply chain global durante a pandemia

Sem dúvida, apesar dos avanços em logística e supply chain durante a pandemia, o setor passou por momentos difíceis, principalmente no início da pandemia. Veja a seguir como as mudanças no cenário mundial afetaram o mercado de trabalho.

1. Distanciamento social

Para cumprir as medidas de segurança, muitas empresas precisaram encontrar uma nova forma de atender seus clientes mesmo durante o fechamento dos serviços não essenciais.

Além disso, também foi necessário limitar a presença de colaboradores no local de trabalho para manter o distanciamento social. Como resultado, muitas empresas tiveram uma queda enorme na produção e na capacidade de prestação de serviços.

2. Falta de opções de transporte

A pandemia também causou grande dificuldade para o setor de transporte nacional e internacional. Por isso, toda a cadeia de suprimentos sofreu com atrasos, o que criou a necessidade de um novo planejamento.

Segundo o Institute for Supply Management, os prazos médios das operações aumentaram quase no mundo todo.

Por exemplo, na China registrou-se um aumento de 222% no tempo médio das operações. Enquanto isso, na Coreia e no Japão, o aumento foi de 217% e 209%, respectivamente. Da mesma forma, na Europa os prazos médios subiram em 201%, e nos Estados Unidos, 200%.

3. Mudança no padrão de consumo

Assim que começou o isolamento social, a demanda por produtos essenciais (como alimentos e produtos de higiene) aumentou drasticamente, pois muitos ficaram com medo que eles sumissem das prateleiras. Como resultado, houve um grande desequilíbrio no abastecimento.

Depois disso, devido ao fechamento de empresas e ao trabalho remoto, o poder de compra dos consumidores diminuiu. Assim, a procura por determinados produtos e serviços sofreu uma grande queda. Os mais afetados foram os setores de moda e eletrônicos, especialmente os que vendiam apenas por meios tradicionais.

Entretanto, sem dúvida o maior impacto da pandemia foi o aumento de vendas online. Por exemplo, segundo o Rakuten Intelligence, o número de compras em supermercados online cresceu quase 300% durante a pandemia. Assim, além de repensar nas opções de atendimento, as empresas precisaram elaborar uma nova logística de entrega sem contato.

De fato, a pandemia trouxe à tona a necessidade de novos modelos de cadeia de suprimentos e acelerou a transformação digital. A tecnologia se tornou fundamental para garantir a agilidade e se adaptar ao famoso “novo normal”.

Mas o que podemos esperar do futuro do trabalho em logística? Será que os padrões de consumo permanecerão os mesmos após o fim da pandemia?

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Futuro do trabalho pós-pandemia: o que esperar do setor de logística e supply chain?

Afinal de contas, qual é o futuro do trabalho em logística e cadeia de suprimentos?

Sem dúvida, essa é uma das maiores dúvidas dos gestores. Segundo a Gartner, cerca de 38% dos líderes desse setor estão preocupados se os seus negócios estarão bem posicionados nos próximos anos.

Para a Gartner, apesar da pandemia ter acelerado a transformação das empresas de logística, ainda há muitas mudanças por vir. Em uma de suas pesquisas, a organização identificou as mudanças em supply chain que devem se tornar tendência nos próximos 5 anos. São elas:

  1. Digitalização de processos;
  2. Sourcing localizado;
  3. Abordagens baseadas na internet;
  4. Migração para o e-commerce;
  5. Equipes remotas.

Confira mais detalhes a seguir!

1. Digitalização de processos

A maioria dos especialistas acredita que digitalizar os processos é o melhor caminho para adaptar o seu negócio para a próxima década. Para a Gartner, tecnologias como IoT, blockchain e digital twin são capazes de aumentar a agilidade dos processos logísticos, melhorar sua visibilidade e otimizar a gestão de riscos e a colaboração de rede.

Além disso, plataformas de compartilhamento de informações em tempo real também vão permitir que as empresas respondam mais rápido e de forma mais eficiente às mudanças de demanda e oferta.

2. Sourcing localizado

De acordo com a pesquisa feita pela Gartner, os líderes de supply chain acreditam que haverá uma queda na globalização e na fabricação offshoring nos próximos cinco anos. Essa visão reflete a complexibilidade do fornecimento, o aumento do capital de giro, a procura dos produtos importados e o aumento do lead time.

Por isso, o recomendado é que as empresas reavaliem suas estratégias de rede e offshoring a fim de conter os custos e lidar com as disponibilidades do mercado nacional e as implicações fiscais.

Nesse sentido, o melhor caminho é equilibrar as cadeias locais e globais. Para isso, deve haver uma diversificação da fabricação, o que ajuda a melhorar a agilidade e resiliência da cadeia de suprimentos.

Dessa forma, a tendência para o futuro do trabalho é que as empresas invistam cada vez mais em sourcing localizado, treinando pequenas empresas nacionais para trabalharem com exportação, por exemplo.

3. Abordagens baseadas na internet

Segundo o levantamento da Gartner, quase 80% dos profissionais de logística acreditam que uma abordagem baseada na internet é o modelo de negócio que mais deve ajudar as empresas a se recuperarem no cenário pós-pandemia. Por isso, as organizações devem preparar seus negócios para novas realidades.

Essa adaptação para o futuro do trabalho deve incluir um realinhamento das estratégias de logística e cadeia de suprimentos, dando maior atenção à segmentação de clientes e os custos de atendimento às demandas.

De acordo com os especialistas da Gartner, será preciso desenvolver a capacidade de entregar resultados relacionados a diferentes valores.

4. Migração para o e-commerce

Mesmo com o fim da pandemia, a tendência é que os consumidores continuem fazendo a maioria das suas compras pela internet. Isso está acontecendo porque as restrições impostas pelo governo durante a pandemia reduziram o tráfego nas lojas físicas. Como resultado, os consumidores migraram para o e-commerce.

Apesar da maioria das empresas já terem criado canais alternativos para atender aos clientes, o mais importante para os próximos anos é aprimorar a logística desses canais para oferecer uma experiência melhor aos consumidores.

Por isso, a Gartner recomenda:

  • Construir uma plataforma escalonável;
  • Disponibilizar serviço de pedido e devolução online;
  • Desenhar um designer de rede que possua um modelo operacional e auxilie a mudança de volume para o e-commerce.

Em resumo, com o passar do tempo, a tendência é que as empresas se esforcem cada vez mais para entender as necessidades de cada cliente, oferecendo serviços e produtos e personalizados.

5. Equipes remotas

Por último, a Gartner constatou que 98% dos gestores de supply chain acreditam que o trabalho remoto deve continuar aumentando nos próximos 5 anos. De fato, essa é uma das maiores mudanças no futuro do trabalho, pois culturalmente as equipes de logística são presenciais. Entretanto, a pandemia transformou esse cenário.

Por isso, os especialistas da Gartner acreditam que o trabalho remoto e híbrido deve aumentar a produtividade das equipes. Porém, é preciso que os gestores demonstrem maior flexibilidade e empatia.

Uma das vantagens das empresas de logística investirem em equipes remotas e distribuídas é o acesso a mais talentos, o que pode trazer ainda mais avanços para as empresas. Dessa forma, embora continuem a existir, os escritórios corporativos devem se tornar espaços de inovação e colaboração.

Além disso, ferramentas de registro de tempo, rastreio de produtividade e monitoramento do uso de computador serão uma grande tendência no futuro do mercado de trabalho em logística e supply chain.

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Como se preparar para o futuro do mercado de trabalho no setor de logística?

Como vimos, o mercado de trabalho está mudando e o setor de logística e supply chain está evoluindo junto. Agora, a precisão e a velocidade são as coisas mais importantes.

Ao mesmo tempo, é preciso valorizar cada vez mais a experiência do cliente, pois os consumidores estão cada dia mais exigentes. Por isso, as empresas precisam investir em serviços e produtos personalizados.

Por exemplo, em vez de apenas informar ao cliente por e-mail que o seu pedido está chegando, as empresas podem notificá-lo através de um aplicativo e disponibilizar o link de rastreio em tempo real. Ou seja, as empresas precisarão investir e se preocupar cada vez mais com a jornada e experiência do usuário.

Veja algumas ferramentas que podem ajudar nesse processo:

Business Intelligence

Uma dica para as organizações se prepararem para o futuro do trabalho pós-pandemia em logística e cadeia de suprimentos é o Business Intelligence (BI). Basicamente, o BI é o processo de levantar e analisar os dados em uma organização por meio de métodos e tecnologias inteligentes com o objetivo de tomar melhores decisões.

Por exemplo, uma empresa pode usar o Business Intelligence para analisar quais áreas precisam de melhorias, identificar desperdícios e definir um plano de ação. Além disso, ele também serve para detectar qual público da empresa gera mais lucro e investir em estratégias de marketing personalizadas.

A verdade é que o BI possibilita a análise de qualquer tipo de informação, desde a saída e entrada de produtos até tempo de entrega, contagem de estoque, entre outros.

Logística compartilhada

Outra forma de se preparar para o futuro do trabalho é considerar a implementação da logística compartilhada. Essa estratégia se baseia na economia colaborativa, compartilhando recursos (como escritórios, estoques e transportes) com empresas ou pessoas que possuem as mesmas necessidades e interesses.

O objetivo da logística compartilhada é baratear os serviços e produtos e minimizar os níveis de ociosidade das operações. O conceito básico dessa estratégia se resume em utilizar, e não possuir.

Considerações finais

Sem dúvida, o futuro do mercado de trabalho ainda é incerto. Contudo, as mudanças que observamos durante a pandemia de COVID-19 apontam para um padrão de consumo mais humano e personalizado.

Além disso, a digitalização e automação dos processos deve ser uma tendência fortíssima, juntamente com a migração para o e-commerce e o sourcing localizado.

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