Quando criança, minha lembrança mais marcante de um robô era como a de muita gente: Rose, a robô-empregada dos Jetsons chegava para o patriarca da família perguntando o que ele queria no café da manhã e de um recipiente da sua “barriga” saía um suco de laranja, ovos mexidos e uma torrada levemente queimada.

Esse tipo de robô infelizmente ainda não se tornou parte da nossa realidade, mas isso não impediu que outros tipos de androide adentrassem o nosso cotidiano. Pois é. Essa conversa de que robô é coisa do futuro não poderia ser mais papo do passado.Os robôs como conhecemos nasceram na ficção científica, mais especificamente numa peça de ficção criada pelo tcheco Karel Capek. A obra R.U.R (Robôs Universais de Rossum) contava a história de uma fábrica que fazia pessoas artificiais a partir de matéria orgânica sintética. Mas também se engana quem acha que foi no século passado que os robôs deram as caras pro mundo.

Existem criações de dispositivos autômatos datados de 350 a.c. Naquele época, o matemático grego Arquitas de Tarento chegou a criar um pássaro de madeira propulsionado por vapor e jatos de ar comprimido. Já o primeiro andróide funcional apareceu algum tempo depois, no século 17 – Jacques Vacauson criou um robô que tocava flauta, assim como um pato mecânico que comia e… defecava.

Escatologias à parte, a verdade é que essa figura símbolo da inteligência artificial sempre esteve no imaginário do homem, e ela foi evoluindo gradualmente até se tornar o que hoje entendemos por robô. Em Metrópolis, clássico de 1927 do diretor austríaco Fritz Lang, o tema polemizou e consequentemente virou referência/inspiração para muita gente influente nas gerações seguintes. Décadas depois, Isaac Asimov popularizou o termo e o cinema americano até hoje não se cansa de fazer diversas leituras e releituras sobre o assunto.

Enquanto nossa imagem do robô é em grande parte cerceada pela carcaça de metal que o cinema hollywoodiano ajudou a popularizar – uma visão que consegue ser arcaica e futurista ao mesmo tempo -, a realidade nua e crua é que os robôs já estão entre nós. Talvez não esse robô com rodinhas e cheiro de nostalgia, mas um tipo muito mais pragmático, contemporâneo e funcional.

Alguns operam recriando partes do corpo humano, como os robôs industriais. Outros falam, como é o caso da Siri. Há ainda um tipo de robô muito poderoso que passa quase despercebido entre nós. Invisível, ele foi capaz de mudar completamente a dinâmica organizacional de algumas das maiores empresas do mundo. É o robô que calcula, o robô que automatiza, o robô que otimiza, o robô que controla, o robô que reporta, o robô que toma decisões.

O mais incrível é pensar que enquanto a gente se divertia tentando imaginar quando os robôs destruiriam o homem e tomariam o seu lugar (I’ll be back!), muita gente estava criando e desenvolvendo robôs que pouco destroem e muito agregam. Esses podem até não levar o café da manhã na cama, mas em meio a essa batalha contínua em busca de produtividade e praticidade, eles trouxeram algo muito mais valioso para o nosso tempo: economia de tempo e dinheiro. Vida longa aos robôs!

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