Quando criança, minha lembrança mais marcante de um robô era como a de muita gente: Rose, a robô-empregada dos Jetsons chegava para o patriarca da família perguntando o que ele queria no café da manhã e de um recipiente da sua “barriga” saía um suco de laranja, ovos mexidos e uma torrada levemente queimada.
Esse tipo de robô infelizmente ainda não se tornou parte da nossa realidade, mas isso não impediu que outros tipos de androide adentrassem o nosso cotidiano. Pois é. Essa conversa de que robô é coisa do futuro não poderia ser mais papo do passado.Os robôs como conhecemos nasceram na ficção científica, mais especificamente numa peça de ficção criada pelo tcheco Karel Capek. A obra R.U.R (Robôs Universais de Rossum) contava a história de uma fábrica que fazia pessoas artificiais a partir de matéria orgânica sintética. Mas também se engana quem acha que foi no século passado que os robôs deram as caras pro mundo.
![](https://rabbot.co/wp-content/uploads/2019/09/Karel-Capek-robo.jpg)
Existem criações de dispositivos autômatos datados de 350 a.c. Naquele época, o matemático grego Arquitas de Tarento chegou a criar um pássaro de madeira propulsionado por vapor e jatos de ar comprimido. Já o primeiro andróide funcional apareceu algum tempo depois, no século 17 – Jacques Vacauson criou um robô que tocava flauta, assim como um pato mecânico que comia e… defecava.
Escatologias à parte, a verdade é que essa figura símbolo da inteligência artificial sempre esteve no imaginário do homem, e ela foi evoluindo gradualmente até se tornar o que hoje entendemos por robô. Em Metrópolis, clássico de 1927 do diretor austríaco Fritz Lang, o tema polemizou e consequentemente virou referência/inspiração para muita gente influente nas gerações seguintes. Décadas depois, Isaac Asimov popularizou o termo e o cinema americano até hoje não se cansa de fazer diversas leituras e releituras sobre o assunto.
Enquanto nossa imagem do robô é em grande parte cerceada pela carcaça de metal que o cinema hollywoodiano ajudou a popularizar – uma visão que consegue ser arcaica e futurista ao mesmo tempo -, a realidade nua e crua é que os robôs já estão entre nós. Talvez não esse robô com rodinhas e cheiro de nostalgia, mas um tipo muito mais pragmático, contemporâneo e funcional.
Alguns operam recriando partes do corpo humano, como os robôs industriais. Outros falam, como é o caso da Siri. Há ainda um tipo de robô muito poderoso que passa quase despercebido entre nós. Invisível, ele foi capaz de mudar completamente a dinâmica organizacional de algumas das maiores empresas do mundo. É o robô que calcula, o robô que automatiza, o robô que otimiza, o robô que controla, o robô que reporta, o robô que toma decisões.
O mais incrível é pensar que enquanto a gente se divertia tentando imaginar quando os robôs destruiriam o homem e tomariam o seu lugar (I’ll be back!), muita gente estava criando e desenvolvendo robôs que pouco destroem e muito agregam. Esses podem até não levar o café da manhã na cama, mas em meio a essa batalha contínua em busca de produtividade e praticidade, eles trouxeram algo muito mais valioso para o nosso tempo: economia de tempo e dinheiro. Vida longa aos robôs!