De acordo com o levantamento realizado pela Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), a quantidade de eletropostos no Brasil cresceu 50% entre os meses de março e julho de 2021.

Esse aumento é um reflexo do número de vendas de automóveis elétricos. Segundo os dados da Plataforma Nacional de Mobilidade Elétrica (PNME), já existem mais de 52.660 veículos elétricos em circulação no país.

Eletropostos no Brasil: cresce o número de estações de recarga e de automóveis elétricos em 2021

Há muito tempo, a mobilidade elétrica já é uma realidade em vários países. Contudo, nos últimos anos os veículos elétricos têm ganhado cada vez mais espaço no território nacional.

De acordo com o 1º Anuário Brasileiro da Mobilidade Elétrica realizado pela Plataforma Nacional de Mobilidade Elétrica (PNME), entre os anos de 2018 e 2019, o número de licenciamentos de veículos elétricos cresceu mais de 220%.

Além disso, segundo dados mais recentes da ABVE (Associação Brasileira de Veículos Elétricos), o Brasil já possui 52.661 veículos elétricos ou híbridos não plug in e plug in em circulação, sendo que 20% deles foram emplacados na cidade de São Paulo.

Apenas nos primeiros três meses de 2021, foram emplacados quase 14 mil veículos híbridos ou elétricos, o que representa um aumento de 84% em relação ao mesmo período do ano anterior. Em resultado, a quantidade de eletropostos no Brasil cresceu 50% apenas no ano de 2021.

Entre os meses de março e julho desse ano, as estações de recargas públicas e semi-públicas passaram de 500 para 754. Apesar de a relação entre número de veículos elétricos e híbridos e eletropostos parecer desproporcional, de acordo com Paulo Maisonnave (Head de mobilidade elétrica da Enel-X), ela está na média mundial.

Eletropostos no Brasil

A mobilidade elétrica está avançando no Brasil

Ao mesmo tempo que o mercado de eletropostos no Brasil ainda enfrenta algumas dificuldades (como preços altos, falta de incentivos públicos e órgão reguladores), as vendas de carregadores quadruplicaram e as recargas triplicaram nos últimos anos.

Segundo Rafael Ugo, Diretor na Volvo Cars, há um tempo atrás era muito difícil convencer as empresas, como supermercados e shoppings centers, a instalar um eletroposto. Agora, eles recebem diversos e-mails procurando o serviço. Para quem trabalha na área, essa mudança aconteceu porque acabou a desconfiança que havia no começo.

Além disso, os estabelecimentos passaram a querer ter um eletroposto para atender seus clientes que possuem automóveis elétricos e híbridos. Isso acontece porque ter um carregador traz algumas vantagens, como atração de clientes com maior poder aquisitivo e uma aparência mais moderna ao local.

Mesmo quem não trabalha no setor da mobilidade elétrica já deve ter percebido essa mudança no comportamento do consumidor e das empresas.

Antigamente, era difícil ver veículos elétricos circulando ou utilizando eletropostos no Brasil. Entretanto, a cada dia que passa, é mais comum nos depararmos com esse tipo de tecnologia. Afinal de contas, como vimos, o número de venda de carregadores quadruplicou, acompanhando a demanda nacional.

Segundo a EDP São Paulo, a quantidade de energia elétrica que esses veículos consumiram entre janeiro e fevereiro de 2021 foi equivalente aos seis meses anteriores, sendo que em 2020 a empresa já havia registrado um crescimento de 89% em relação ao mesmo período de 2019.

De fato, a mobilidade elétrica está em pleno crescimento no Brasil.

Apesar do crescimento, ainda há muito a ser feito!

Apesar do cenário positivo que encontramos no Brasil, quando o assunto são os eletropostos e os veículos elétricos, alguns fatores impedem que esse crescimento seja maior. Por exemplo, devido à crise causada pela pandemia de COVID-19, iniciada em março de 2020, tanto a renda dos compradores quanto o número de automóveis em circulação diminuíram.

Além disso, ainda falta incentivo do governo para que esse setor possa atingir um público maior. Atualmente, o setor de mobilidade elétrica não tem nenhum órgão oficial que seja responsável pelo controle e distribuição de informações e pela normatização.

Outro fator que atrapalha o crescimento dos eletropostos no Brasil é o alto custo de investimento, tanto no veículo como nos carregadores.

Falta de controle e legislação

Devido à falta de um órgão responsável pelo setor, as empresas de mobilidade e os fabricantes não sabem a quantidade exata de eletropostos que existem no Brasil. Por isso, cada um trabalha com a sua base de dados.

Por exemplo, a ABVE divulga que existem 350 eletropostos públicos. Enquanto isso, outras empresas estimam que existam cerca de 500, e a Volvo afirma que apenas eles possuem mais de 700 eletropostos no Brasil.

Atualmente, uma das melhores formas de ter uma referência mais exata desse número é por meio do aplicativo PlugShare, que indica a localização dos eletropostos no Brasil e no mundo, além de mostrar o horário de funcionamento, as facilidades que o local oferece, os tipos de tomadas disponíveis e fotos do local.

Eletropostos no Brasil

Custos elevados

Outro desafio que o setor de mobilidade elétrica enfrenta no Brasil é a falta de infraestrutura e os custos elevados para instalação dos eletropostos. Atualmente, estima-se que cerca de 90% dos eletropostos brasileiros tenham sido criados e instalados pelas montadoras, algo que limita sua ampliação.

Por outro lado, para ter um carregador residencial (Wallbox), é necessário investir cerca de R$ 10.000,00. Já um posto público de carga rápida, facilmente encontrado em supermercados, concessionárias e shoppings, pode custar entre R$ 50.000,00 e R$ 60.000,00. Além disso, também existem os eletropostos de recarga ultrarrápida, geralmente instalados nas rodovias, que podem custar mais de R$ 200.000,00.

Dessa forma, é correto afirmar que para que o Brasil tenha um real crescimento na rede de eletropostos, será necessário incentivos do governo, assim como já acontece em outros países.

Iniciativas que podem impulsionar o crescimento de eletropostos no Brasil

Quando o assunto é o setor de mobilidade elétrica, o Brasil pode aprender bastante com os mercados internacionais mais desenvolvidos. Por exemplo, o governo federal dos Estados Unidos concede isenção de até US$ 7.500,00 no Imposto de Renda para quem compra um veículo elétrico. Alguns estados, como a Califórnia, também oferecem um incentivo de US$ 7.000,00.

Além disso, nos Estados Unidos, os proprietários de veículos elétricos também possuem algumas vantagens quando comparado aos automóveis a combustão, como vagas de estacionamento, áreas de circulação exclusivas e horários especiais para veículos que não emitem poluentes.

Contudo, não são apenas os proprietários de carros elétricos que precisam de incentivos: é necessário investimento do poder público para desenvolver e aumentar a quantidade de eletropostos no Brasil. Esse investimento pode ser feito tanto diretamente, por abrir eletropostos públicos, quanto indiretamente, por criar condições favoráveis para que as empresas ampliem essa rede e desenvolvam modelos de negócios rentáveis que justifiquem o alto custo.

Conforme o estudo da ONU, esses tipos de incentivos (tanto para aumento da quantidade de eletropostos no Brasil quanto para aquisição de veículos elétricos) podem aumentar a participação desses automóveis sustentáveis em até 20% das vendas até 2050. Caso contrário, a previsão é que a frota brasileira seja composta por apenas 3,8% de veículos elétricos.

Incentivos públicos no Brasil

No Brasil, os incentivos do poder público ainda se limitam a ações pontuais e específicas. Por exemplo, não é cobrado imposto de importação sobre os veículos elétricos. Contudo, o IPI ainda possui alíquota mais alta do que um modelo 1.0 flex.

Em alguns estados brasileiros, os proprietários de veículos elétricos não precisam pagar IPVA. Além disso, algumas cidades oferecem algumas facilidades, como a isenção do rodízio em São Paulo.

A boa notícia é que se o Projeto de Lei 5308/20 foi aprovado, os carros elétricos e híbridos podem passar a ser isentos do IPI, Cofins e PIS na receita bruta de venda no mercado nacional e na importação.

Ainda assim, faltam incentivos para ampliar a rede de eletropostos no Brasil.

Vantagens e desvantagens do crescimento da mobilidade elétrica no Brasil

Apesar dos desafios que o setor de mobilidade elétrica enfrenta no Brasil, ainda existem algumas vantagens que podem favorecer a adesão aos carros elétricos.

Por exemplo, a maioria das casas e condomínios do país possuem garagem, o que torna mais fácil a instalação de pontos de recarga residenciais. De acordo com Paulo Maisonnave, da Enel X, atualmente cerca de 95% das recargas são realizadas no trabalho ou em casa, onde o veículo fica mais tempo parado.

Outra vantagem dos veículos elétricos é que eles são mais sustentáveis e, com planejamento adequado, podem ser economicamente mais estáveis e viáveis do que os movidos a combustão.

Por outro lado, o preço dos carros elétricos ainda é bem alto em comparação aos movidos a combustão. Atualmente, o carro elétrico mais barato do Brasil, que custa cerca de R$ 150.000,00, ainda é 3,4 vezes mais caro que o hatch mais barato (R$ 44.000,00).

Além disso, é preciso ter uma matriz energética eficiente nos eletropostos no Brasil, com carregadores inteligentes de corrente contínua que sejam capazes de carregar o veículo de forma rápida e segura.

Dessa forma, podemos concluir que embora o país apresente um grande potencial para o crescimento do setor de mobilidade elétrica, ainda existe um longo caminho a ser percorrido, especialmente em relação aos eletropostos no Brasil. Vale a pena ficar de olho nos avanços e novidades de uma tendência que ainda vai trazer muitos benefícios.

 

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