Toyota, GM e outras gigantes seguindo a mudança do “ter” para o “usar” lançam serviços de locação em suas concessionárias.

É um fato conhecido que a indústria automotiva está passando por um processo de transformação muito significativo, em suas diversas dimensões. Afinal, vivemos a nova era da mobilidade e isso implica a criação de novos modelos. Mas, talvez, a mudança com mais impacto em nosso dia a dia está no modelo de propriedade de veículos.

O futuro da propriedade de automóveis

Basta verificar que o modelo mais vendido do mundo, Toyota Corolla,  chega em sua 12ª geração lançada neste mês no Brasil com o custo de R$100mil (ou US$25mil) na versão mais barata.

Está certo que o Brasil é um dos pouco lugares do mundo no qual o Corolla é um veículo “de luxo”, porém o custo de propriedade de um bem de consumo durável como este para uso particular está se inviabilizando. E não acredite que as margens das montadoras como Toyota estão aumentando, muito pelo contrário, uma vez que o mercado está cada vez menor, concentrado e consequentemente mais competitivo (há dez anos nem a Mercedes, nem a Audi e tampouco a BMW tinham fábricas no Brasil, por exemplo).

Soma-se a isso, obviamente, toda a tendência da economia digital e da geração economicamente ativa que chega agora de não se permitir mais comprar algo que se utilizará pouco, afinal um bem como automóvel chega a ficar mais de 80% parado na garagem de casa e do trabalho durante sua vida útil.

Prepare-se para o carro como serviço (CaaS)

Alguns especialistas apostam que o carro do futuro é um serviço, e não um bem material. Muito se fala, portanto, de CaaS, ou “Car as a Service”, ou “Pague pelo Uso”, de maneira prática, aluguel de carro, mas expandindo e flexibilizando seu escopo. O modelo oferece flexibilidade nas mãos dos clientes. Eles podem mudar e atualizar seus veículos como e quando quiserem. 

É nesta linha que a GM vem há alguns anos testando este modelo no Brasil replicando uma iniciativa CaaS da GM que já existe lá fora chamada MAVEN. A HPE Brasil (Mitsubishi/Suzuki) também conta com seu programa de locação B2B já há alguns anos (Mit Locação Executiva), tendo uma série de clientes importantes como executivos e artistas da Rede Globo, por exemplo.

E agora a Toyota também traz para o Brasil neste mês do lançamento da nova geração do Corolla o programa TMS – Toyota Mobility Services, a exemplo do que já existe no Japão e na Argentina, com uma inovação muito importante: o uso da sua Rede de Concessionárias como ponto focal para o atendimento ao cliente que queira usar um Etios na cidade durante a semana, e uma Hilux SW4 de 7 lugares para ir à praia com toda a família em um fim de semana prolongado. É um movimento importante dos japoneses que são sempre precisos em suas ações que lançam ao mercado, estudando e planejando com enorme cuidado tudo antes da execução.

O mercado ainda não sabe como ficará esta operação. Quem será dono do ativo? Quem fará o atendimento do cliente? Quem fará a operação tangível do veículo? E principalmente qual será a plataforma que irá conectar todos deste mercado? Algumas apostas começam a ser feitas; a plataforma Fair.com recebeu em seu último aporto no final de 2018 quase R$1,5 bilhões de investimentos do Softbank para expandir suas operações dentro e fora dos EUA.

Desafio: centralizar esforços nas necessidades dos clientes

No Brasil, faz todo o sentido as concessionárias (com o apoio das montadoras) serem o ponto focal para o atendimento dos clientes que querem usar um veículo por algumas horas, algumas semanas ou até em contratos de longa duração, pois eles têm capilaridade, carteira de clientes, operacionalidade (Pátios e oficinas) e certo know-how pois são os que mais conhecem de VENDAS (automóvel, seguro, acessórios, consórcio, etc).

Mas fica como desafio para estas novas soluções de mobilidade, a gestão e controle do bem durante seu uso. E na escala que se pretende atingir, se quem for operar (montadora, locadora, concessionária?) não contar com ajuda de bots (robôs) que façam a interação com as informações dos seus sistemas legados, de telemetria (localizadores, GPS, etc) e do condutor, não terão escala o suficiente para tratar o CLIENTE como ele quer ser atendido, pois no final de tudo isso, é o CLIENTE que ainda manda e mandará no mercado e é quem efetivamente importa, pois o bem (veículo) já é praticamente uma comódite.

O futuro das montadoras está aberto e pode ser bastante promissor, tudo dependerá da capacidade da indústria automotiva centralizar seus esforços em direção à inovação e atender às necessidades dos clientes, que são cada vez mais exigentes.  

Artigo por: Glauco Fonseca

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